sábado, 5 de maio de 2012

O que você entende por Filosofia da Educação?


A filosofia da educação é o estudo dos objetivos, dos processos, da natureza e dos ideais da educação. Pode estar dentro do contexto da educação como uma instituição social ou mais amplamente como o processo de crescimento existencial humano, isto é, como é que nossa compreensão do mundo é continuamente transformada (seja através dos fatos, dos costumes sociais, das experiências, ou mesmo das nossas próprias emoções).
A palavra educação pode ser derivada, alternadamente, de dois termos do latim: educere e educare. A primeira tem o sentido de “conduzir exteriormente”, a segunda tem o sentido de “criar” ou “alimentar”. É interessante notar que nenhuma das partes dessa etimologia dupla é dispensável. Optando por educere temos uma acepção de educação em que são importantes as regras exteriores ao aprendiz. Adotando educare a acepção de educação é a que espera ver o aprendiz colocando regras para si mesmo.
 Ora, em termos de filosofia da educação, as duas grandes linhas mestras na pedagogia coincidem com essa dupla etimologia. Há uma pedagogia que acredita que a educação se realiza como uma maneira de tornar o aprendiz aquele que assimila regras que não são suas, mas que passarão a ser suas e que, por isso mesmo, o tornarão uma pessoa educada. Há uma outra pedagogia que entende a educação como uma maneira de tornar o aprendiz capaz de forjar suas próprias regras e, tendo isso ocorrido, ele pode se considerar uma pessoa educada.
Bibliografia
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996. 

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Em que consiste a “Teoria dos dois mundos” defendida por Platão?


             Platão, aluno de Sócrates, quem o inspirou na apreciação do Bem, levando em consideração as idéias de Sócrates, de Parmênides e de Pitágoras, além da teoria órfica (o corpo é o cárcere da alma), criou uma teoria, a Teoria das Idéias, que procura dar explicação às perguntas mais complexas da filosofia.
            Assim é, que ele acredita serem as Idéias Perfeitas o extrato da realidade, enquanto que o sensível (o que podemos sentir, usando os sentidos), que nos é dado pelo corpo, é um elemento que verdadeiramente atrapalha nosso espírito no conhecimento das Idéias Puras.
            Como? Assim: Platão cria dois mundos (idéia originária, em parte, de Parmênides), um chamado Mundo das Idéias, onde a idéia das coisas é pura e perfeita (segundo interpretou Aristóteles, aluno de Platão, essas idéias eram os conceitos das coisas), e outro que chama de Mundo Sensível, onde os sentidos apreendem as coisas apenas em parte, turvando as idéias puras das coisas.
            Exemplo: todos os professores de uma universidade podem se enfileirar diante de uma só classe de alunos. O que verão os alunos? Um professor alto, magro e mais velho, outro mais baixo, mais gordo e mais novo, uma professora mais bela, uma mais velha e mais séria, outro professor tão novo que parece um aluno, etc.. Ora, todos eles têm algo em comum: são professores. Porém, se os observarmos individualmente, não são iguais, e se os escutarmos, veremos que nem mesmo dão aula da mesma forma. Mas algo permanece: são professores. Muito bem, essa observação das diferenças físicas, didáticas, etc., dos professores, pode nos levar até mesmo a acreditar que muitos deles não sejam sequer professores, mas sim um avô, um pai, um aluno, um médico, etc.. Porém são professores. A idéia de professor, dessa forma, está sendo atrapalhada por nossos sentidos, que observam essas características individuais e turvam a idéia primeira, primordial, a Idéia de professor.
Para Platão, essa idéia de professor mora no Mundo das Idéias e as observações, no Mundo dos Sentidos. Essa idéia de professor é a verdade, o real puro, cristalino e ideal, atrapalhada por nossos sentidos, que observam as particularidades, turvando a visão clara que nosso espírito poderia ter das Idéias.
Platão afirmou não haver harmonia entre corpo e espírito (teoria órfica) e que o espírito, quanto mais livre dos sentidos do corpo, mais claramente será capaz de contemplar as idéias.
A busca por uma vida que anule ao máximo os sentidos, libertando o espírito para a contemplação das Idéias, é o que caracteriza o filósofo.
Dentre as Idéias, a mais elevada é a do Bem, e o esforço para alcançá-la caracteriza a maior das virtudes: a da Justiça.
Deus, o Demiurgo, fica entre os dois mundos (o das idéias e o dos sentidos), e tem um papel de organizador de ambos.
Platão usa a alegoria da caverna, metaforicamente, para explicar a teoria das idéias.
O mito da caverna fala dos homens acorrentados de costas para a entrada de uma caverna, olhando os reflexos bruxuleantes de uma fogueira em suas paredes internas. De fora, da boca da caverna, vem uma luz forte. As sombras seriam o mundo sensível, as correntes seriam os sentidos dados pelo corpo e a luz de fora, o mundo das Idéias.

Bibliografia
CHAUI, Marilene, Filosofia Novo Ensino Médio. Ed. Ática, 2005.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Explique em que consiste a Teoria da “Maiêutica” defendida por Sócrates.



A maiêutica é a técnica através da qual se consegue observar como é que uma ciência desconhecida se transforma progressivamente numa ciência conhecida. No entanto, no diálogo Protágoras, a maiêutica não aparece. Segundo Platão, Sócrates fora buscar a sua arte da maiêutica a sua mãe que era parteira. Na Grécia clássica só as mulheres que já não podem dar à luz estão autorizadas a ajudar ao parto das outras.
Sócrates considerava a sua arte como a arte de parturejar; só que agora são homens que dão à luz e é do parto das suas almas que se trata.  Sócrates revelava aos outros aquilo que eles próprios sabiam sem de tal terem consciência. Ele pretendia que o seu questionamento sistemático levasse os outros a um ponto crucial de consciência crítica, procurando a verdade no seu interior, dando assim lugar ao "parto intelectual". A maiêutica é, assim, a fase positiva, construtiva, do método socrático que permite o acordo através das certezas universais obtidas pela definição após a discussão. Trata-se de um diálogo do primeiro período que se caracteriza pela ausência da teoria da reminiscência que serve de fundamento à maiêutica.
A maiêutica socrática funcionava a partir de dois momentos essenciais: um primeiro em que Sócrates levava os seus interlocutores a pôr em causa as suas próprias concepções e teorias acerca de algum assunto; e um segundo momento em que conduzia os interlocutores a uma nova perspectiva acerca do tema em abordagem. Daí que a maiêutica consistisse num autêntico parto de ideias pois, mediante o questionamento dos seus interlocutores, Sócrates levava-os a colocar em causa os seus "preconceitos" acerca de determinado assunto, conduzindo-os a novas ideias acerca do tema em discussão.
Sócrates inaugura o método quando institui a maiêutica, ou seja, a arte de perguntar.
Platão aperfeiçoa a maiêutica de Sócrates e a transforma no que ele chama dialética.

Bibliografia

CHAUI, Marilene, Filosofia Novo Ensino Médio. Ed. Atica, 2005.






Faça uma análise sobre o Método “Pedagogizador” e a prática educacional voltada para intersubjetividade.


O  método  “pedagogizador”  está relacionado a  instrução do aluno, onde ele reproduz o conhecimento, aplica técnicas para que ele seja treinado. Esse modelo tem sido um dos maiores desafios contemporâneos e seus críticos buscam   superá-lo .Seu suporte é a consideração de que há dois fatores estanques em todos os processos em que algum tipo de conhecimento seja requerido: um sujeito de conhecimento de um lado, e uma realidade a ser conhecida de outro. A conseqüência para a educação, bem como em termos de propostas pedagógicas, é a restrição à aplicação de técnicas a um sujeito, o aluno, tratado como objeto a ser conhecido e treinado.
Em contraposição, propomos analisar um modelo calcado na intersubjetividade, mais  apto a conduzir para a educação, entendida num sentido construção de pessoas emancipadas, criativas, autônomas. Chamamos este modelo de “modelo educacional”.  Mas não consideraremos que diálogo, intersubjetividade, modelo comunicativo, etc., bastem. Será ainda preciso mostrar seus pressupostos teóricos, as implicações decorrentes, e principalmente, como ele pode ser aplicado, aliviando as dificuldades pelas quais passa nossa sociedade, sendo o papel da educação central para compreender essas dificuldades e propor mudanças. Este é um processo complexo, e, evidentemente, a própria educação, especialmente a educação formal, escolar, precisa ser revista com urgência.
A prática da intersubjetividade, produtora de sujeitos capazes de linguagem e de ação, com opinião e vontade formadas de modo a possibilitar liberdade comunicativa, calcada em razões e argumentações justificadas, legítimas, são os pressupostos de qualquer sociedade democrática, essenciais à educação. As práticas educacionais, ao produzirem indivíduos mais livres, autônomos, e não autômatos, capazes de avaliar seus atos à luz dos acontecimentos, à luz das normas sociais legítimas e legitimadas em processos jurídicos, políticos, usando suas próprias cabeças, e tendo propósitos sinceros e abertos à crítica, são fundamentais para as práticas educacionais. E estas representam o solo de germinação da ação comunicativa.
 A importância extrema da educação decorre de ela servir como anteparo à tecnicização, à colonização do mundo da vida pelo sistema, mas também deve servir para intervir no meio dinheiro e poder, de modo a enfrentá-los pela democracia e pelo direito.

 

Bibliografia

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996. 
CHAUI, Marilene, Filosofia Novo Ensino Médio. Ed. Atica, 2005.